quarta-feira, 20 de junho de 2007

1° Dia: São Paulo/SP - Lages/SC

Arrumei as malas no dia anterior e preparei a Viraguinho para pegar estrada. Um dia antes descobri que meu paralama estava rachando próximo aos suportes dos alforges, e por este motivo não poderia colocar os alforges laterais.


Acabei me virando levando pouquíssima roupa, principalmente de frio (apenas uma blusa de lã, uma camiseta de manga comprida e uma malha fina), além da jaqueta e do Colete do Motoclube (lógico !!!).








O trajeto planejado no 1° dia de viagem era ir até a cidade de Encruzilhada-SC, um pouco depois de Mafra e da divisa com o estado do Paraná. No final das contas, acabei optando em esticar um pouco mais a viagem e seguir até Lages, que é uma cidade maior, com melhores opções de hospedagem, restaurantes e bancos (sim, banco é um problemão).









Saí de casa bem cedo (5:30h) pois queria chegar na "boca" da Régis Bittencourt as 6:00h. Imaginava que quanto mais cedo pegasse a estrada, menos caminhão eu encontraria pela frente.

Logo em Embú, depois do Rodoanel, fui obrigado a parar a moto para o primeiro cafézinho. O frio estava forte, e eu estava com sono ainda. Foi quando baixou um nevoeiro na estrada, fazendo com que eu esperasse um pouco mais do que o planejado, já que a visibilidade estava péssima e até mesmo os caminhões estavam encostando no posto.


Por volta das 07:00h segui viagem, ainda com neblina e frio. A neblina era tão forte que meus dois retrovisores embaçaram em 10 minutos de estrada, porém liguei os milhas e fui em frente, com velocidade reduzida.


A Régis não estava movimentada, e a viagem segui tranquila. Alguns caminhões pelo caminho, mas como a faixa é duplicada até a Serra, não tive nenhum susto. O único problema é que a estrada possui alguns buracos, o asfalto é bastante irregular e não dá para manter a moto em uma única faixa. por várias vezes me vi "ziguezagueando" a pista para fugir dos buracos e "costelas de vaca".


Na serra a neblina deu uma trégua, porém os caminhões ficam bem lentos. Como a faixa é única (uma vai e uma volta), e o cngestionamento de caminhões é bem grande, resolvi relaxar. Não fiz ultrapassagens na serra, fui a 20, 30km/h durante grande parte do percurso, e vi diversos carros, impacientes com a lentidão, fazerem merda.


Passado a Serra (+/- 20 a 30 Km), A pista voltou a ficar duplicada e pude retomar o tempo perdido. A Viraguinho manteve média de 120 a 130 Km/h, mas os retões intermináveis da Régis fizeram ela gritar um pouquinho em algumas partes.


Cheguei em Curitiba entre 12:00h e 13:00h, depois de algumas paradas para abastecimento e descanso. Saí de São Paulo com R$ 50,00, e tinha planejado usar cartão para abastecimento. Alguns dos postos de gasolina não aceitam nenhum tipo de cartão ou cheque, e o din din acabou sendo usado para isso.




Como sabia que ainda estava na metade do caminho, não entrei na cidade (fica para uma próxima), e segui viagem. Me perdi um pouco para pegar a saída para a BR-116, e acabei rodando 10Km na estrada errada. Feito o retorno, peguei novamente a BR e segui sentido Santa Catarina. Neste ponto, a estrada possui retas intermináveis (mais de 1 Km de retas em vários pontos), e possui pista única (uma vai, uma volta).


Os caminhões, que eu acreditava que fossem um problema, até que respeitam bem as motos, desde que você ande mais rápido que eles. A viagem foi tranquila, sem muitas paradas (apenas para abastecimento) e sem "quase" nenhum susto.


Voltando ao problema do "BANCO", as cidades de Sta. Catarina (a maioria cidades pequenas) só possuem agência do B.Brasil e do BESC. Achei que Redeshop e Visa seriam suficientes, porém com dinheiro acabando não consegui achar nenhum banco Itaú, ou interligado a rede 24 horas.

Após o último abastecimento, sobrou míseros 2,00 na carteira, o que me rendeu a primeira dorzinha de cabeça da viagem.


Em determinado ponto da estrada, haviam 4 caminhões enormes seguidos na reta. Vi que dava para ultrapassá-los, e acelerei a magrela. Ao passar o 4°, vi que logo a frente tinha o 5°. Como estava chegando a curva, resolvi arriscar. Logo após ultrapassá-lo, uma viatura da Policia Rodoviária Federal estava me esperando, escondida atrás de uma árvore. Não deu outra, fui parado pois a última ultrapassagem não era permitida.


Após muita conversa, abri meus sentimentos ao guarda (carteira), e o que eu tinha (2,00) não foi suficiente para que ele comprasse uma cervejinha e esquecesse dos seus problemas. Tomei uma multinha para lembrar que o resto da viagem deveria ser tanquila. rsrsrsrs


Ainda conversei com o Policial, que muito simpático me recomendou ir para Lages ao invés de Encruzilhada. A cidade era maior, e lá eu encontraria agências bancárias, além de melhor opção de hospedagem e restaurantes para jantar.


Segui viagem, e parando em um posto em Santa Cecília para calibrar os pneus e fumar um cigarrinho, conversei com o frentista que me recomendou conhecer o Serraria em Lages, um barzinho típico que era muito frequentado.


Cheguei em Lages por volta das 18:30h. No sul anoitece mais cedo, e já estava escuro a este horário. No primeiro semáforo da cidade, fui abordado por um motociclista em uma Shadow, que ao ver o colete do motoclube perguntou de onde eu era, etc etc etc. Paramos em um posto ali perto para conversar e ele me indicou um hotel para pernoitar. Como eu estava totalmente perdido, além de me levar no hotel, ao ver que não tinham vaga, me levou até outro, onde me hospedei. Disse ainda que tentaria ir ao Serraria mais tarde para tomar uma. O brasão do motoclube faz uma verdadeira diferença nessas horas.


Lá pelas 20:00h, após tomar uma ducha e descançar um pouco, fui conhecer o Serraria (http://www.serrariabar.com.br/). Cheguei um pouco cedo, praticamente abri a casa, porém como estava com fome não estava muito preocupado com o movimento. Queria mesmo era comer, hehehehehe


O lugar é muito bonito. É uma antiga serraria que foi transformada em Bar pelos proprietários, e conta ainda com uma pista de dança que abre as sextas e sábados. Não deixa nada a desejar para as baladas de Sampa, a não ser pelo preço, que é muito mais em conta.









Como era o único cliente da casa, acabei me enturmando com os garçons, e em seguida com o propritário, que muito simpático ao ver minha placa de São Paulo veio confessar sua paixão por motos. Ficamos ali batendo papo um tempão, tomando umas, enquanto eu contava a ele sobre a viagem e ele sobre a inveja (positiva) que ele estava de mim. Devido aos filhos pequenos ele não poderia se aventurar em algo parecido, mas morre de vontade. Ficamos ali naquele papo até que a casa começou a ficar um pouco mais movimentada e ele foi dar atenção a outros clientes.


Estava tendo jogo do Grêmio contra o Boca Júniors, porém como a maioria da cidade torce para o Inter, todos estavam em suas casas torcendo contra o Grêmio. Tanto é verdade que após a derrota do Grêmio ouvia-se rojões por toda a cidade.


Estava exausto após pouco mais de 770 Km rodados em um único dia. Comi uma porção de Picanha fatiada na chapa, tomei dois uísques e fui para o hotel dormir, pois o dia seguinte a aventura iria continuar.

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